Um quarto,uma cama, uma noite.
-Boa noite Lú, durma bem.
-Pai.. o que é morte?
A menina olhava com um pouco de vergonha. Como alguém poderia fazer uma pergunta tão óbvia?
O homem sorriu de modo doce e exausto, sentou na cama.
-Morte é quando a gente vai para um lugar melhor.
-Então quando a gente vai pro clube a gente morre?
Ele deu um sorriso. Ela não.
-Não filha, morrer é como dormir,mas depois não acorda nuuuunca mais.
-E como uma pessoa morre?
-Bem, tem varias formas, mais normalmente a gente vai ficando velhinho. Todo mundo morre um dia. Agora durma meu bem, boa noite.
A menina não gostou. Como todo mundo morreria? Quando morreriam ? Ela ficou pensando por horas, e então começou a chorar.
Seu pai entrou no quarto,abraçou-a, e, acariciando seu cabelo perguntou o que tinha acontecido.
Ela disse que não queria vê-lo morrer e não entendia porque todo mundo morria.
-Bem, o corpo vai ficando cansado. A gente para de funcionar como devia, e, quando morre, vai para um lugar melhor, como um sonho,porém é tudo real.
-Então quando você morrer.... eu... posso morrer com você?
-Não sei meu bem, cada um tem uma hora certa de morrer, não é a gente que escolhe.
Os dois se calaram. Ele dormiu.
A menina se sentia melhor, mas diferente de toda pessoa que tem certeza de que um dia vai morrer, ela tinha esperança de que nunca iria morrer. Muito tempo se passou e ela ainda está viva.
Ainda escolhe algumas noites para chorar. Mas não por medo da morte.
Pelo medo de não morrer.